sexta-feira, 14 de março de 2008


My Angel

I've got an angel

He doesn't wear any wings
He wears a heart that can melt my own
He wears a smile that can make me wanna sing
He gives me presents with his presence alone
He gives me everything I could wish for
He gives me kisses on the lips just for coming home


He could make angels
I've seen it with my own eyes
You gotta be careful when you've got good love
Cause the angels will just keep on multiplying


But you're so busy changing the world
Just one smile can change all of mine
We share the same soul
Oh oh oh oh oh ohhh
We Share the same soul
Oh oh oh oh oh ohhh
We Share the same soul
Oh oh oh oh oh ohhh
Oh oh oh oh oh ohhh
Umm umm umm uhhhhhhmm

Jack Johnson - Angel (Adapted)
( Versão Feminina. Lol)

sábado, 8 de março de 2008

Mia Couto



Bartolominha e o pelicano

" Quando lhe falámos em sair dali, ela se contrafez. Afinal, viéramos buscá-la? Pois que fôssemos na mesma via de regresso, que ela dali, não arredava. Argumentou meu pai que ela não podia viver isolada de tudo, em lugar tão despertencido de gente. Falou meu tio que ali não chegava nem desembarcava notícia. Minha mãe acrescentou muitas lágrimas, com a alma entalada na garganta.
Bartolominha respondeu, sem palavra, apontando a campa junto ao farol. Depois, se afastou e ficou de costas olhando o mar. Era como se, em silêncio, nos convocasse. Alinhámos com ela, perfilados frente ao oceano. Que queria ela dizer, assim muda e queda? Usava o oceano como argumento? Meu tio ainda insistiu:
__ Quem lhe arranja sustento?
Nos mostrou, então , o pelicano. Era um bicho que ela criara desde pequenino. A ave se afeiçoara, mais doméstica que um familiar. A pontos de ir e vir e, todos os dias, lhe trazer peixe para ela se refeiçoar.
___ Tenho de ficar aqui, regar o farol. Foi o meu Bastante que me pediu para eu não deixar emagrecer este farol.
Regressámos sem a conseguir demover . Eu fiquei com o pensamento roendo-me o sono. Durante noites fui roubado ao descanso. Podia eu deixar o assunto assim? Não, eu não podia desistir.
E voltei a visitar a ilha. Demorei-me ali uns tantos dias. Juntei argumento, aliciei o convite. A avó que viesse que eu lhe daria guarida e aconchego em minha nova casa. Mas nada. O mesmo sorriso desdenhoso lhe vinha aos lábios. Depois lhe sugeri que viesse comigo viajar por terras lindas.
___ Só quero viajar quando for completamente cega.
Estranhei. Nem respondi, esperando que mais se explicasse. E sim, ela continuou:
___É que eu vivi tudo tão bonito que só quero visitar lugares que já estejam dentro de mim.
Arrumei a vontade. A velha senhora tinha raízes fundas. " [...]


Mia Couto, "Bartolominha e o pelicano" (excerto),
in Na Berma De Nenhuma Estrada e Outros Contos,
Editorial Caminho, 3º edição, Lisboa, 2001, (p. 22 e 23)

terça-feira, 4 de março de 2008

Cavaleiro Monge (Fernando Pessoa)

Do vale à montanha

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra

Cavaleiro monge

Por casas, por prados

Por quinta e por fonte

Caminhais aliados.


Do vale à montanha

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra

Cavaleiro monge

Por penhascos pretos

Atrás e defronte

Caminhais secretos.


Do vale à montanha

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra

Cavaleiro monge

Por prados desertos

Sem ter horizontes

Caminhais libertos.


Do vale à montanha

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra

Cavaleiro monge

Por ínvios caminhos

Por rios sem ponte

Caminhais sozinhos.



Do vale à montanha

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra

Cavaleiro monge

Por quanto é sem fim

Sem ninguém que o conte

Caminhais em mim



Autor: Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de março de 2008

SER


"Para ser grande, sê inteiro:
nada Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a Lua toda
Brilha, porque alta vive."


Fernando Pessoa Antologia Poética, Odes de Ricardo Reis.